MENSAGEM QUARESMAL DE S.E.R. MONS. VILSON DIAS DE OLIVEIRA, CAV.-CAP. DE OBEDIÊNCIA AD HONOREM
“Cristo por nós foi tentado, sofreu e na cruz morreu (...) Vinde todos, adoremos!”
O sacrossanto Tempo da Quaresma caracteriza-se pela vivência profunda do mistério da Paixão do Senhor. Na Quarta-feira de Cinzas iniciamos a caminhada quaresmal em direção à celebração da Páscoa de Jesus e nossa. Tempo privilegiado de conversão, de combate espiritual, de jejum, de penitência, de renúncia. A quaresma ainda é, e sobretudo tempo da escuta da Palavra de Deus, de uma catequese mais profunda, que recorda aos cristãos os grandes temas batismais, em preparação para a Páscoa. Batizados na morte e ressurreição do Cristo, devemos viver uma moral de ressuscitados, seguindo, não uma lei abstrata, mas o exemplo de Cristo, em sua obediência filial ao Pai.
Antigamente, a Quaresma era o período durante o qual através da penitência e da provação, os catecúmenos se preparavam para receber o batismo na noite santa da Páscoa. Entretanto no Tempo Quaresmal, a liturgia nos convida a renovar e a reavivar em nosso coração as disposições com que, durante a Vigília Pascal, pronunciaremos de novo as promessas do nosso batismo. Unidos a Jesus, que toma o caminho do deserto para aí ser tentado, entramos com a Igreja na grande provação da Quaresma, com a intenção de optar sempre pela vontade do Pai, em todas as circunstâncias.
Contemplando a face de Jesus transfigurado, encontramos nele a força para passar através dos sofrimentos e dificuldades da vida, até o dia em que poderemos vê-lo na glória do Pai, realização definitiva da aliança e das promessas. Nascidos para a vida de filhos de Deus, em virtude da água viva do batismo e da graça do Cristo, procuramos purificar cada vez mais o culto filial em espírito e verdade e o oferecemos ao Pai em união com o culto espiritual e perfeito do Cristo.
O Concílio Vaticano II recomenda que “a penitência quaresmal não seja só interna e individual, mas sobretudo externa e social. E a prática penitencial, segundo as condições dos fiéis, incentivada e ... recomendada” (SC 110).
Toda a nossa vida se torna um sacrifício espiritual que apresentamos continuamente ao Pai, em união com o sacrifício de Jesus sofredor e pobre, a fim de que, por Ele, com Ele e n’Ele seja o Pai em tudo louvado e glorificado.
Celebrar a eucaristia no Tempo da Quaresma significa: percorrer com Cristo o itinerário da provação que cabe à Igreja e a todos os homens; assumir mais decididamente a obediência filial ao Pai, e o dom de si aos irmãos, que constituem o sacrifício espiritual.
Ao triunfar sobre o demônio e as tentações no deserto, Nosso Senhor Jesus Cristo nos dá a principal garantia de que também nós, sustentados pela graça, podemos transpor incólumes todas as lutas espirituais.
A Quaresma coloca-nos diante destas perguntas fundamentais: progrido na minha vida fidelidade a Cristo, em desejos de santidade, em generosidade apostólica na minha vida diária, no meu trabalho quotidiano entre os meus colegas de profissão?
Ao responder estas indagações perceberemos como é necessária uma nova transformação, para que Cristo viva em nós, para que a sua imagem se reflita sem distorções na nossa conduta. “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e me siga” (cf. Lc 9,23).
A graça divina pode penetrar em nossas almas nesta Quaresma, se não fecharmos as portas do coração. Precisamos cultivar boas disposições, o desejo de nos transformarmos a sério, de não brincar com a graça do Senhor.
Se o nosso propósito de conversão, de busca da santidade for sincero, se tivermos a docilidade de nos abandonarmos nas mãos de Deus, tudo correrá bem. Porque Ele está sempre disposto a dar-nos a sua graça e, especialmente neste tempo, a graça para uma nova conversão, para uma melhora na nossa vida de cristãos.
Não podemos considerar esta Quaresma como uma época mais, como uma simples repetição cíclica do tempo litúrgico. Este momento é único; é uma ajuda divina que temos que aproveitar. Jesus passa ao nosso lado e espera de nós – hoje, agora – uma grande mudança.
Ó Maria, Mãe nossa, auxílio dos cristãos, refúgio dos pecadores: intercede junto do teu Filho para que nos envie o Espírito Santo, e Ele desperte em nossos corações a decisão de caminharmos com passo firme e seguro, fazendo ressoar no mais íntimo da nossa alma a chamada: “vem, volta para teu Pai, que te espera”. Se hoje fechardes o coração, não ouvirás a voz de Deus.
Assim renovados, poderemos na noite pascal entoar o grande Aleluia anunciando a Ressurreição do Senhor que vence por nós o pecado e a morte, e, abre-nos as portas da salvação. Renovados faremos a passagem para a vida nova de Jesus – Senhor, e nosso Redentor, para a glória do Pai, na unidade do Espírito Santo.
Dom Vilson Dias de Oliveira, DC Cavaleiro-Capelão de Grã-Cruz de Obediência ad Honorem - OMSM Lugar-Tenente de Arquiprior da OMSM
Comments