História da Ordem
A Ordem Religiosa-Militar e Hospitalar de Nossa Senhora do Monte Carmelo e de São Lázaro de Jerusalém, Boigny e Mesolcina foi criada em 1830, com a separação oficial entre a antiga Comendadoria Hereditária da Ordem de Nossa Senhora do Monte Carmelo e de São Lázaro de Jerusalém no Principado de Mesolcina (esta mesma criada em 1672 pelo Rei Louis XIV, em favor de seus primos Capetianos, os Príncipes de Mesolcina).
Com a extinção da Real Ordem Religiosa-Militar e Hospitalar de Nossa Senhora do Monte Carmelo e de São Lázaro de Jerusalém, Belém e Nazaré em 1824, Sua Alteza o Príncipe Don Andrea II Trivulzio-Galli declara em 1830 ser o Grão-Mestre da antiga Comendadoria Hereditária, agora transformada em Ordem Principesca independente da francesa.
Mas, para compreendermos melhor a história da Ordem, devemos recuar alguns séculos no tempo:
Rei-de-Armas da Ordem do Carmo e de São Lázaro no Principado de Mesolcina
A primeira menção à Ordem Religiosa-Militar de São Lázaro de Jerusalém, se deu em 1227, quando o Papa Gregório IX concedeu indulgência aos que dessem esmolas aos Cavaleiros do Hospital de São Lázaro de Jerusalém. Mas a Ordem de São Lázaro adquire o caráter de uma verdadeira Ordem Militar em virtude da Bula Pontifícia Cum a nobis concedida por Alexandre IV em 11 de abril de 1254.
O Papa Gregório XIII, em 13 de novembro de 1572, por sua Bula Procomissa nobis entregou a Ordem de São Lázaro ao Duque de Savoia, que solicitou ao Papa a união desta a antiga Ordem de São Maurício, criando-se assim a Ordem dos Santos Maurício e Lázaro.
Esta união teve efeito em Cápua, com todas as Comendadorias do Reino de Nápoles, em Savoia e nos Estados Pontifícios, mas não na Espanha, pois Sua Majestade Católica o Rei Filipe II obteve do Papa uma exceção para a propriedade Lazarista em seus domínios, que mais tarde foram transferidos para a Ordem de São Tiago na Espanha, e para a Ordem de Cristo em Portugal; na Inglaterra a determinação Papal não teve efeito, pois os bens de todas as Ordens haviam sido confiscados por Henrique VIII durante a reforma anglicana.
Na França, Rei se opôs a Bula Papal e as consequentes reivindicações do Duque de Savoia. Em 17 de maio de 1569, o Grão-Mestre Seure nomeou Vigário Geral na pessoa de François Salviati. Salviati teve de deter as aspirações do Príncipe Emanuel Filiberto, Duque de Savoia, que em 1573 lhe escreveu uma carta, informando que, por nomeação papal, era o Grão-Mestre de toda a Ordem.
Cavaleiro da Ordem do Carmo e de São Lázaro, com o Hábito utilizado no Reino da França
Após longas discussões diplomáticas entre o Rei da França e o Duque de Savoia, o Rei Carlos IX da França esteve inclinado a aceitar que o Duque de Savoia tomasse posse dos bens da Ordem na França, todavia, Salviati demonstrou ao Rei a utilidade da Ordem manter-se independente no Reino. Assim, em 17 de setembro de 1604, Henri IV da França nomeou Filiberto de Nerestang Grão-Mestre da Ordem de São Lázaro. Para cumprir todas as formalidades, Henri IV enviou um Embaixador a Roma para obter do Papa a confirmação da nomeação de Nerestang e a renovação dos antigos privilégios da Ordem no Reino da França; no entanto, o Papa recusou-se veementemente, visto que, como tal, foi extinta para seus predecessores no Sólio Pontifício.
Porém o Papa não se recusava a aceitar a criação de uma nova Ordem: a Ordem Religiosa-Militar de Nossa Senhora do Carmo. Em 16 de fevereiro de 1607, o Papa promulgou uma Bula chamada Pontificex Maximus autorizando o estabelecimento de uma nova Ordem, que um ano depois ele completou com a Bula Militantium Ordinum Instituto, aprovando seus Estatutos e Regras. Em 14 de abril de 1608, Henri IV nomeou Nerestang como Grão-Mestre da nova Ordem, sendo este já Grão-Mestre de São Lázaro na França e logo depois emitiu uma Carta Patente, em 31 de outubro de 1608, em virtude da qual as duas Ordens foram unidas.
Frente e verso da Cruz da Ordem
A Ordem unificada passou a dar ao Hospital a dupla vantagem de ser a mais antiga das ordens militares da França, e ao Grão-Mestre Nerestang, uma arma diplomática de enorme importância: quando havia uma necessidade de exaltar as antigas glórias da Cavalaria, a Ordem de São Lázaro era invocada; quando era necessário um favor de Roma, era pronunciado em nome da Ordem de Nossa Senhora do Monte Carmelo, pois a ela o Papa nada negava.
Desta forma, passou a existir duas Ordens que reclamavam a herança da antiga Ordem de São Lázaro, a Ordem dos Santos Maurício e Lázaro, da Casa de Savóia, e a Ordem de Nossa senhora do Carmo e de São Lázaro, na França. Salientamos que, a Ordem de Nossa Senhora do Carmo e de São Lázaro do Principado de Mesolcina é herdeira da Ordem Francesa, em nada competindo com a Ordem Sabauda em seus direitos.
A Ordem existiu na França de modo pleno e independente de 1608 a 1824, quando, após a morte do Rei Louis XVIII, seu irmão, o Rei Carlos X, ordenou que a Cancelaria da Legião de Honra publicasse um documento oficial, pelo qual anunciava que não se realizavam no Reino da França nomeações para a Ordem de Nossa Senhora do Monte Carmelo e de São Lázaro de Jerusalém desde 1788, e, por desejo de Sua Majestade Cristianíssima, a Ordem deveria deixar de existir no Reino da França.
Cavaleiro da Ordem do Carmo e de São Lázaro, com o Hábito utilizado no Principado de Mesolcina
Como as nomeações mantiveram-se ininterruptas no Principado de Mesolcina, o Príncipe Soberano decidiu manter as investiduras de novos Cavaleiros e Damas, de modo a manter vivo o ramo mesoano da Ordem.
Mais tarde o Rei Carlos X renuncia ao posto de Protetor da Ordem em 1830 e nega-se a nomear um novo Grão-Mestre da Ordem para o Reino da França, de modo que o Príncipe Soberano de Mesolcina assuma o Grão-Magistério da Ordem em seu próprio Principado. Sua Alteza o Príncipe Don Andrea II Trivulzio-Galli, 14º Príncipe de Mesolcina e 8º Príncipe do Sacro Império Romano-Germânico aceita o convite dos Cavaleiros Lazaristas residentes em seus Domínios, e passa a ser seu Grão-Mestre, posto este que transforma em hereditário logo em seguida.
Desta forma, desde 1830 os Príncipes de Mesolcina são os Grão-Mestres da Ordem Religiosa-Militar de N.S. do Monte Carmelo e de São Lázaro de Jerusalém, Boigny e Mesolcina, e mantém constantes nomeações para a Ordem.
No Brasil o antigo Presidente Getúlio Vargas e sua esposa foram agraciados com a Grã-Cruz da Ordem, entre outras várias outras personalidades militares e civis.
Frente e verso da Cruz da Ordem
Lista dos Grão-Mestres da Ordem
1. Beato Blessed Gerard (1099-1120)
Fundador da Ordem Militar e Hospitalar de São João de Jerusalém (Ordem de Malta), depois de contrair lepra, retira-se ao Lazareto de Jerusalém, onde junto de outros Cavaleiros leprosos, cria a Ordem Militar e Hospitalar de São Lázaro de Jerusalém.
2. Boyant Roger (1120-1131)
Reitor do Hospital Lazarista, e Mestre dos Cavaleiros de São Lázaro
3. Jean (... 1131 ...)
Sobrenome e datas exatas são desconhecidas
4. Barthélémy (... 1153 ...)
Sobrenome e datas exatas são desconhecidas
Cavaleiro Templário, que após ser contagiado pela lepra, uniu-se aos Cavaleiros Hospitalares de São Lázaro, conforme exigido pela Regra dos Cavaleiros na Terra Santa.
5. Itier o Hector (... 1154 ...)
Sobrenome e datas exatas são desconhecidas
6. Hughes de Saint-Paul (... 1155 …)
As datas exatas são desconhecidas
7. Raymond du Puy 1157-1159)
II Grão-Mestre da Ordem de São João de Jerusalém,
Adentrou ao Hospital de São Lázaro após contrair lepra.
8. Rainier o Lambert (... 1164 ...)
Sobrenome e datas exatas são desconhecidas
9. Raymond (… 1168 …)
Sobrenome e datas exatas são desconhecidas
10. Gérard de Montclar (... 1169...)
Sobrenome e datas exatas são desconhecidas
11. Bernard (1185-1186)
Sobrenome desconhecido
12. Gauthier de Neufchâtel [Walter de Novo Castro] (1228-1234)
Mestre da Ordem em Burton Lazars, Inglaterra, antes de converter-se em Mestre Geral
13. Reynald de Fleury (1234-1254)
14. Jean de Meaux (... 1267 ...)
Referido como Preceptor Geral da Ordem
Datas exatas são desconhecidas
15. Thomas de Sainville (1277-1312)
Referido como Mestre Geral da Ordem
Transferiu a Sede da Ordem de Jerusalém para a Boigny, na França
16. Sir Adam de Veau (... 1327)
Datas exatas são desconhecidas
Mestre da Ordem em Burton Lazars, Inglaterra, antes de converter-se em Mestre Geral em Boigny
17. Jean de Paris (1332-1348)
18. Jean de Couraze (... 1354 ...)
Datas exatas são desconhecidas
19. Jean le Comte (... 1355 ...)
Datas exatas são desconhecidas
20. Jacques de Besnes (1368-1384)
21. Pierre des Ruaux (1413-1454)
22. Guillaume Des Mares (... 1460 ...)
Datas exatas são desconhecidas
23. Jean le Cornu (1469-1493)
24. François d’Amboise (1493-1500)
Sobrinho de Aimery d’Amboise, Grão-Mestre da Soberana Ordem Militar e Hospitalar de São João de Jerusalém, dita de Rodes
25. Agnan de Mareul (1500-1519)
26. François de Bourbon, Conde de Saint-Paul (1519-1521)
Referido como Comendador de Boigny
27. Claude de Mareul (1521-1554)
Sobrinho de Agnan de Mareul
28. Jean Conti (1554-1557)
29. Jean de Lévis (1557-1564)
Cavaleiro Soberana Ordem Militar e Hospitalar de São João de Jerusalém, dita de Rodes, dita de Malta
Confirmado como Grão-Mestre da Ordem Militar e Hospitalar de San Lázaro com a Bula Papal Nos igitur
30. Michel de Seurre ou de Sèvre (1564-1571)
Cavaleiro da Soberana Ordem Militar e Hospitalar de São João de Jerusalém, dita de Rodes
Manteve os privilégios Magistrais após demitir-se do posto de Grão-Mestre
31. François Salviati (1578-1586)
Vicário Geral desde 1571 até 1578
Cavaleiro e Embaixador da Soberana Ordem de Malta
Parente, e conselheiro da Rainha Catarina de’ Médici
32. Michel de Seurre ou de Sèvre (1586-1593)
Reassumiu o posto de Grão-Mestre após a morte de François Salviati
33. Aymard de Clermont de Chastes (1593-1603)
Marechal da Ordem de Malta y Vice-Almirante da Francia
34. Jean-Charles de Gayand de Monterolles (1603-1604)
Sobrinho de Aymard de Clermont de Chastes
35.Philibert, I Marquês de Nérestang (1604-1620)
Grão-Mestre do Ramo Francês de San Lázaro e mais tarde da Ordem Militar de Nossa Senhora do Monte Carmelo, Ordens Reunidas em 1608 pelo Reo Henri IV da França
36. Claude, II Marquês de Nérestang (1620-1639)
Filho de Philibert
37. Charles, III Marquês de Nérestang (1639-1644)
Filho de Claude
38. Charles-Achille, IV Marquês de Nérestang (1645-1673)
Irmão de Charles
39. François-Michel le Tellier, Marquês de Louvois (1673-1691)
Vicário Geral da Ordem, com Privilégios Magistrais
40. Philippe de Courcillon, Marquês de Dangeau (1691-1720)
41. S.A.S. Príncipe Louis, Duque de Orléans, Chartes, Valois, Nemours y Montpensier, Príncipe do Sangue (1720-1752)
42. S.A.R. Príncipe Louis de Francia, Duque de Berry, Filho da França (1757-1773)
Mais tarde Rei Louis XVI (desde 1774)
43. S.A.R. Príncipe Louis Stanislas Xavier da França, Conde de Provença, Duque d’Anjou, Filho da França (1773-1814) Protetor da Ordem até 1830
Irmão do Rei Louis XVI
Foi o Conde de Provença quem concede a Ordem o seu lema ATAVIS ET ARMIS.
Mais tarde Rei Louis XVIII desde 1814, quando Renuncia ao Grão-Magistério, mas torna-se Protetor da Ordem entre 1814 a 1824, quando morre.
Em 1824, a Cancelaria da Legião de Honra publicou um documento oficial, pelo qual anuncia que não se realizavam nomeações para a Ordem de Nossa Senhora do Monte Carmelo e de São Lázaro de Jerusalém desde 1788, e, por desejo de Sua Majestade Cristianíssima, a Ordem deveria deixar de existir no Reino da França.
O Rei Carlos X renuncia ao posto de Protetor da Ordem em 1830 e nega-se a nomear um novo Grão-Mestre da Ordem para o Reino da França, de modo que o Príncipe Soberano de Mesolcina assuma o Grão-Magistério da Ordem em seu próprio Principado.
44. S.A.S. Don Andre I Trivulzio-Galli, 7º Príncipe de Mesolcina, 2º Duque de Mesolcina, Príncipe do Sangue Capetiano (1814-1824)
Comendador Hereditário da Ordem no Principado de Mesolcina entre 1800 a 1814. Mestre da Ordem em Mesolcina entre 1814 a 1824.
45. S.A.S. Don Andre II Trivulzio-Galli, 8º Príncipe de Mesolcina, 3º Duque de Mesolcina, Príncipe do Sangue Capetiano (Mestre entre 1824 a 1830, Grão-Mestre entre 1830 a 1841)
Até 1824 havia sido Mestre da Ordem em Mesolcina. Em 1830, com o abandono do Grão-Mestrado da Ordem por Sua Majestade Cristianíssima o Rei Carlos X, torna-se Grão-Mestre da Ordem em seu próprio Principado. Durante o exílio da Família Real Francesa junto ao Principado de Mesolcina durante o seu Reinado, sua posição como Grão-Mestre Hereditário e Protetor da Ordem foi confirmada por Sua Majestade Cristianíssima o Rei Carlos X da França, a quem Angelo I concede o Grão-Colar da Ordem Militar e Hospitalar de Nossa Senhora do Monte Carmelo e de São Lázaro de Jerusalém, Boigny e Mesolcina, Grão-Colar aceito pelo Rei, em sinal da aprovação da continuação da Ordem em Mesolcina.
Transferiu a Sede da Ordem de Boigny, na França, para Mesolcina
46. S.A.S. Don Angelo I Trivulzio-Galli, 9º Príncipe de Mesolcina, 4º Duque de Mesolcina, Príncipe do Sangue Capetiano (1841-1885)
47. S.A.S. Don Francesco VIII Trivulzio-Galli, Duque de Settefrati, 10º Príncipe de Mesolcina, 5º Duque de Mesolcina, Príncipe do Sangue Capetiano (1885-1918)
Renuncia ao Grão-Mestrado da Ordem junto de sua Abdicação ao Trono de Mesolcina em 1918. Faleceu no Brasil, em 1945.
48. S.A.S. Don Pedro IV Trivulzio-Galli, Duque de Melfi, 11º Príncipe de Mesolcina, 6º Duque de Mesolcina, Príncipe do Sangue Capetiano (*1891/ 1945-1979)
Mesmo após a perda do Trono de Mesolcina (de facto em 1918, e de jus em 1920) continua a criar Cavaleiros da Ordem em seu exílio. Dá um novo Estatuto para a Ordem em 1930, em comemoração ao centenário da Ordem em Mesolcina.
49. S.A.S. Don Verginio I Francesco Trivulzio-Galli, Duque de Alvito, 12º Príncipe de Mesolcina, 7º Duque de Mesolcina, Príncipe do Sangue Capetiano (1979-2012)
50. S.A.S. Don Angelo II Eugenio Trivulzio-Galli, Duque de Bojano, 13º Príncipe de Mesolcina, 8º Duque de Mesolcina, Príncipe do Sangue Capetiano (2012-2013)
Abdicou de seu posto de Chefe da Casa Principesca de Mesolcina em 2013, e por consequência, do posto de Grão-Mestre da Ordem
51. S.A.S. Don Andre III Frederico Trivulzio-Galli, Duque de Venosa, 14º Príncipe de Mesolcina, 9º Duque de Mesolcina, Príncipe do Sangue Capetiano (2013-?)