A Mais Nobre Ordem Dinástica e Militar e São Teodoro Mártir foi criada em 1483 por Teodoro I Trivulzio, Marquês de Pizzighettone e Conde de Melzo. Tal Ordem foi criada no âmbito do Condado Imperial de Melzo e Gorgonzola.
UM SANTO CHAMADO TEODORO
Teodoro de Amásia ou Teodoro de Amaseia (em grego: Θεόδωρος; transl.: Theódoros;
em latim: Theodorus) é um dos dois santos de mesmo nome e que são venerados
como santos guerreiros e grandes mártires pela Igreja Ortodoxa. No cristianismo
ocidental, ele é geralmente chamado de "Teodoro de Amásia" (ou Amaseia), uma
referência à cidade no Ponto onde ele sofreu o martírio. Já no cristianismo
oriental, ele é conhecido como Teodoro Tiro — uma referência à palavra
"tiro", do latim clássico, que significa "recentemente alistado" ou "recruta"
— ou Teodoro, o Recruta. Outra versão, da Enciclopédia Católica,
afirma que ele não era um recruta e era chamado de "Tyro" por
ter servido na coorte dos Tiranos.
O outro é São Teodoro Estratelata, conhecido também como
"Teodoro de Heracleia", mas é possível que os dois sejam o
mesmo Santo. Quando o epíteto é omitido, a referência é
geralmente para São Teodoro de Amásia. Nada confiável se sabe
sobre São Teodoro, exceto que ele foi martirizado no início do século
IV (em 306 para este Teodoro e 319 para Teodoro Estratelata). As
histórias sobre sua vida e martírio são todas lendárias.
Segundo elas, Teodoro era um recruta servindo no exército romano em Amásia, na província de Amásia, na Turquia, a cerca de 50 quilômetros ao sul da costa do Mar Negro em Sinope. Quando ele se recusou a se juntar aos colegas nos ritos pagãos de adoração, foi preso, mas, talvez por causa de sua pouca idade, acabou sendo libertado com uma advertência. Porém, ele protestou novamente contra o paganismo ateando fogo ao templo de Cibele em Amásia. Desta vez acabou sendo condenado à morte e, depois de muita tortura, foi executado ao ser atirado vivo numa fornalha.
Conta-se que seus restos foram obtidos por uma mulher de Eusébia e enterrados em Euceta, onde ele teria nascido. Uma antiga cidade bizantina que não existe mais, acredita-se que corresponda à moderna Avkhat, que fica a cerca de 50 quilômetros de Amásia. Um templo teria sido erguido no local, que passou a atrair peregrinos.
Gregório de Níssa pregou em sua homenagem em seu santuário no final do século IV e esta é a mais antiga fonte de informações sobre São Teodoro. São Gregório não disse nada sobre São Teodoro além da lenda básica já relatada, mas contou como ele influenciava a vida de seus fieis e menciona especificamente que ele ajudava nas batalhas, um dos atributos mais importantes de São Teodoro.
Adições posteriores à história, entre os séculos VIII e X, relatam que um dragão estava aterrorizando a região de Amásia e que foi derrotado por São Teodoro com a ajuda de uma cruz. Amásia ficava na época em uma região vulnerável a ataques de invasores em marcha, contra quem dizia-se que o Santo intervinha. O Santuário continuou a ser visitado até cerca de 1100, quando a região toda foi ocupada pelos muçulmanos.
São Teodoro se tornou especialmente importante para a Igreja Ortodoxa, por onde seu culto se espalhou e se popularizou. A primeira igreja dedicada a ele em Constantinopla foi construída em 452 e ele chegou a ter quinze delas na cidade. São Teodoro Mártir era famoso também na Síria, Palestina e Ásia Menor, com muitas igrejas dedicadas a ele.
Na Itália, São Teodoro aparece num mosaico na abside de Santi Cosma e Damiano, em Roma, de cerca de 530, e, no século seguinte, ele tinha sua própria igreja, em formato circular, no Palatino, que foi cedida aos cristãos ortodoxos pelo papa São João Paulo II em 2000 e re-inaugurada em 2004.
São Teodoro Mártir não alcançou grande popularidade no resto da Europa ocidental ou norte da Itália. Uma exceção é a Catedral de Chartres, na França, que ostenta um vitral com uma série de 38 painéis celebrando a vida de São Teodoro, do século XIII.
São Teodoro era o padroeiro de Veneza antes que as relíquias de São Marcos fossem, de acordo com a tradição, levadas para a cidade em 828. A capela do Doge era dedicada a ele até o século IX, quando a cidade, desejando se livrar da influência do Império Bizantino, foi re-dedicada a São Marcos.
Há dúvidas sobre se este padroeiro era São Teodoro de Amaseia ou São Teodoro Estratelata, mas Otto Demus, em sua obra autoritativa "The Church of San Marco in Venice" (196), afirma positivamente que era São Teodoro Estratelata de Heracleia, uma conclusão apoiada por Fenlon. Porém, em seu livro "Mosaics of San Marco" (1984), Demus lembra que nenhum dos mosaicos do século XII de São Teodoro revelam mais do que seu nome e sugere que ele pode ter se tornado o padroeiro antes que as histórias dos santos se separassem e nenhum deles o mostra em uniformes militares.
A nova Basílica de São Marcos foi construída entre a antiga capela de São Teodoro e o Palácio do Doge. Quando este foi ampliado e reconstruído no final do século XI, a capela desapareceu. Atualmente há uma pequena capela dedicada a São Teodoro atrás de São Marcos, mas ela só foi construída em 1486 (e foi ocupada anos depois pela Inquisição em Veneza).
As duas colunas bizantinas na Piazzetta em Veneza foram erigidas depois de 1172. A oriental mostra um estranho animal representando o leão alado de São Marcos. A estátua de São Teodoro está na ocidental desde 1372, mas o que se vê hoje não é a estátua original e sim um compósito criado a partir de diversos fragmentos, alguns antigos, incluindo um crocodilo representando o dragão, colocado lá na segunda metade do século XV.
Supostas relíquias de São Teodoro foram levadas de Mesembria por um almirante veneziano em 1257 e, depois de ficarem numa igreja veneziana em Constantinopla, foram levadas para Veneza em 1267. Atualmente estão na igreja de San Salvatore.
Diversas lendas conflitivas entre si se desenvolveram sobre a vida e martírio de São Teodoro que, para tentar dar alguma consistência às histórias, passou-se a assumir que deve ter havido dois santos diferentes: São Teodoro Tiro de Amásia e São Teodoro Estratelata de Heracleia.
Há ainda muita confusão sobre os dois e os dois aparecem nas fontes como tendo tido um santuário em Euceta, no Ponto, que provavelmente existia na época que as duas histórias ainda não haviam se separado. Segundo alguns autores, o santuário de Estratelata era em Eucaneia, um lugar diferente e Walter demonstrou que Hippolyte Delehaye se enganou quando achou que eram o mesmo lugar. No século IX as histórias já haviam se separado, mas atualmente, pelo menos no ocidente, bem como para a Ordem Militar de São Teodoro, aceita-se que existiu de fato apenas um São Teodoro. Delehaye escreveu em 1909 que a existência do segundo Teodoro não foi estabelecida historicamente e Walter, em 2003, afirma que "Estratelata é certamente uma ficção".
ICONOGRAFIA E FESTAS
Em mosaicos e ícones, São Teodoro geralmente aparece em uniformes militares do século VI, mas também, às vezes, em roupas da corte. Quando a cavalo, está sempre de uniforme, possivelmente lanceando um dragão, e geralmente acompanhado por São Jorge. Tanto ele quanto Teodoro Estratelata aparecem com cabelos negros e barbas pontudas (geralmente um apontando para o outro).
Na Igreja Ortodoxa, São Teodoro é celebrado em 8 de fevereiro ou em 17 de fevereiro ou ainda no primeiro sábado da Grande Quaresma. Na igreja ocidental, sua data é 9 de novembro, data seguida pela Ordem Militar de São Teodoro Mártir como o dia de sua Festa.
As relíquias de São Teodoro estão espalhadas pelo mundo todo. No século XII, seu corpo teria sido supostamente transferido para Brindisi e ele é celebrado como padroeiro da cidade; sua cabeça estaria em Gaeta. Seu encontro com um dragão foi depois transferido para São Jorge, mais popular.
A HISTÓRIA DA ORDEM A PARTIR DE TEODORO I
Com a morte de Teodoro I, em 1532, Teodoro IV Trivulzio (Gian Fermo Teodoro Trivulzio) assumiu o Condado de Melzo, bem como deu continuidade aos trabalhos da Ordem Militar de São Teodoro Mártir. Defensor dos ideais de seu predecessor, Teodoro IV manteve as mesmas condecorações para a Ordem, todavia, diferente de Teodoro I, Teodoro IV decidiu dar um Estatuto para a Ordem.
Esse primeiro Estatuto da Ordem de São Teodoro Mártir a colocava como uma Ordem semi-conventual, com Cavaleiros divididos em dois grupos: Cavaleiros-Celibatários, e Cavaleiros que poderiam casar.
Os Cavaleiros-Celibatários deveriam viver em uma casa conventual que Teodoro IV abriria em seu Feudo de Gorgonzola; os demais Cavaleiros, que manteriam sua vida cotidiana secular, seriam contudo obrigados a passar ao menos uma semana por ano junto aos Cavaleiros-Conventuais, exercitando assim a sua vida religiosa.
Todavia, desde os primeiros tempos a vida religiosa, celibatária, conventual e contemplativa, nunca aderiu grande quantidade de vocações, sendo que a maioria dos títulos de Cavaleiro e Comendador, eram concedidos a homens já casados.
A vida como Ordem Militar e de Corte era a grande vocação para a Ordem Militar de São Teodoro Mártir. Apesar do estipulado no primeiro Estatuto, por Teodoro IV, a Ordem manteve-se completamente independente em relação à Santa Sé, uma vez que seu II Grão-Mestre rejeitou a proposta de a converter em uma Ordem Regrante-Religiosa, conservando assim a Ordem como Ordem Dinástica de Corte.
Após a morte de Teodoro IV, Giorgio III Trivulzio assume o comando do Condado de Melzo e Gorgonzola, porém é obrigado a dividir o poder com seu irmão, Teodoro V (Gian Fermo Teodoro Trivulzio), uma vez que, o primogênito, era considerado fraco, e foi obrigado a aceitar uma corregência junto de seu irmão mais novo.
Registros da Ordem Militar de São Teodoro Mártir apontam que entre os anos de 1536 a 1542, a Casa Conventual de Gorgonzola teve apenas 6 Cavaleiros-Celibatários.
Em 1556 o Papa Paulo III Farnese, primo de Teodoro IV, ofereceu a conversão da Ordem Militar de São Teodoro Mártir em uma Ordem Regrante, abaixo a Regra de São Francisco, porém a morte de Teodoro IV, em 1556, interrompeu as negociações entre a Corte de Melzo e a Corte Pontifícia.
Teodoro VI foi casado com Antonia Barbiano da Beglioioso, filha de uma das famílias mais aristocráticas de Milão, e cuja importância só ficava atrás da própria Casa de Trivulzio, da Casa Sforza-Visconti e da Casa Borromeo.
Enquanto Grão-Mestre da Ordem Militar de São Teodoro Mártir, Teodoro VI resolveu as contendas criadas por seus sobrinhos, e deu a Ordem um novo Estatuto. Pela primeira vez era concedido aos Cavaleiros e Comendadores uma vestimenta de cerimônia, composta por um manto negro.
Seria sempre este manto negro, inicialmente comprido até os joelhos, mais tarde tornado mais longo, descendo até os pés, que caracterizaria, a partir daí, os Cavaleiros da Ordem Militar de São Teodoro Mártir. Em contraste com os mantos azuis dos Cavaleiros da Ordem Militar de Santa Maria, ou os mantos carmins dos Cavaleiros da Ordem de São Miguel, os mantos negros dos Cavaleiros de São Teodoro são sempre distintos pela sua gravidade, e proximidade ao mundo militar.
Don Teodoro VI, 6º Conde de Melzo, 4º Marquês de Gorgonzola,
de seu casamento com Antonia Barbiano di Beglioioso teria seis
filhos: Catalano I Trivulzio, Bispo de Piacenza; Donna
Caterina Trivulzio, casada com o Conde Daniele Anguiosa;
o Cardeal Antonio VI Trivulzio, Bispo de Toulon;
Don Alessandro II Trivulzio (falecido na infância, em 1553);
Don Scaramuzza III Trivulzio (falecido na infância, em 1554);
Donna Laura Felizita Trivulzio; e Don Gian Giacomo Teodoro
Trivulzio.
Com o filho mais velho adotando a carreira eclesiástica, e
tornando-se logo o Bispo da poderosa cidade de Piacenza,
bem como o segundogênito, que tornou-se Cardeal ainda
muito jovem, e depois Bispo de Toulon; e com a morte
dos dois filhos varões que os seguiram, coube ao último
filho do casal, Don Gian Giacomo Teodoro suceder ao pai
nos ricos Feudos da Dinastia, escolhendo, para reinar,
o nome de Teodoro VII Trivulzio.
Teodoro VII, 7º Conde de Melzo, 5º Marquês de Gorgonzola,
era agora o Chefe do segundo Ramo da Casa de Trivulzio,
Senhor de mais de 30 Feudos e Cidades no Norte da Itália,
e estava decidido a aumentar o seu prestígio dinástico.
Casa-se com a Princesa Laura Gonzaga di Vescovato, filha de
Sigismondo II Gonzaga, Marquês de Vescolato, Chefe do Ramo Cadete dos
Gonzaga di Castiglioni, da Sereníssima Casa Ducal de Mantova.
Laura Gonzaga era uma Princesa de sangue real e, portanto, teve uma educação muito refinada. Era conhecida por sua grande devoção ao Catolicismo. Enquanto Condessa Consorte de Melzo, a Princesa Caterina Gonzaga dedicou-se a aumentar a prestígio da Casa de Trivulzio, bem como, a criar as Cerimônias de Corte, que depois seriam a base para o cerimonial da Casa Principesca, após 1622. Até 1584 o Ramo dos Trivulzio-Vigevano, dos Condes de Mesolcina, eram considerados como o Primeiro Ramo. Em 1584 com a morte de Agostino II Trivulzio, 3º Conde de Mesolcina, esse ramo será extinto.
Infelizmente Laura Gonzaga faleceu muito jovem, em 1565, no parto de seu único filho, Don Carlo Emanuele Teodoro Trivulzio (que reinaria após o seu pai com o título de Teodoro VIII). Teodoro VII, evitando um viuvez excessivamente prolongada, e ouvindo o seu Conselho Condal, decide casar-se no mesmo ano com a jovem Ottavia Marliani, filha de Don Pietro Antonio Marliani, Conde de Busto Arsizio (que era o Presidente do Senado de Milão) e de sua esposa, Cornelia Rajnoldi.
O segundo casamento de Teodoro VII no mesmo ano do falecimento de sua primeira esposa parece sempre ter gerado certa confusão entre os biógrafos de seu filho, de modo a alguns acreditarem ser Teodoro VIII filho da segunda esposa de seu pai, e não de Laura Gonzaga. Essa hipótese, contudo, não é acreditada pela Sereníssima Casa Principesca de Mesolcina.
Ottavia Marliani dedicar-se-ia inteiramente a sua nova família por toda a sua vida, criando o jovem órfão Teodoro VIII como se fosse seu filho.
Como seu esposo, alguns anos mais velho que ela, frequentemente ausentava-se por longos períodos, dedicados a caça e a vida militar, Ottavia Marliani assumiria a Regência do Condado de Melzo por longos períodos, e sua ótima administração lhe faria ser conhecida como a “Prudentíssima Condessa”.
Manter-se próximo aos Reis espanhóis da Casa de Habsburgo passou a ser de fundamental importância para o aumento do prestígio Dinástico da Casa de Trivulzio, bem como, para as suas Ordens de Cavalaria, que poderiam, a partir daí, passar a ser concedidas também aos súditos da Monarquia Católica.
Isso passou a fortalecer as trocas entre as condecorações da Casa Trivulzio e dos Reis da Espanha. Em 1580 Teodoro VII condecora aos Embaixadores do Rei Felipe II da Espanha como Comendadores da Ordem Militar de São Teodoro Mártir. Em contrapartida, é chamado a Madri, onde recebe do Rei o Hábito de Cavaleiro da Ordem de Sant’Iago.
Hábito de Cavaleiro da Ordem Militar de São Teodoro Mártir
Comendador da Ordem Militar de São Teodoro Mártir em hábito do século XVII
Cavaleiro da Ordem Militar de São Teodoro Mártir em hábito do século XVII
Após a morte sem herdeiros de Agostino II Trivulzio, 3º Conde de Mesolcina, as possessões bem como os Direitos do Ramo de Trivulzio-Vigevano foram herdadas pelo Ramo de Trivulzio-Melzo. Reunia agora em sua pessoa os Grão-Magistérios da Ordem Trivulziana de São Miguel Arcanjo e da Ordem Militar de São Teodoro Mártir. Era o único herdeiro de todos os Ramos da Casa de Trivulzio, bem como mais rico do que todos os seus ancestrais.
Ao reunir na mesma pessoa todos os bens, feudos e Direitos de todos os antigos Ramos da Casa de Trivulzio, Teodoro VIII tornou-se mais poderoso e rico do que o próprio Gian Giacomo II, dito O Grande Trivulzio, bem como mais rico do que todos os Condes de Melzo que o precederam.
Tamanho poder e riqueza nas mãos de um homem educado nos princípios da Monarquia dos Habsburgos somente poderia garantir o sucesso de suas ações. E para conseguir alcançar seus objetivos, Teodoro VIII deixou nas mãos de sua madrasta, Ottavia Marliani, a Prudentíssima Condessa, a administração de seus muitos Feudos, para poder assim dedicar-se unicamente a sua carreira militar e, como dizia ele mesmo: de Primeiro Diplomata da Casa Trivulzio.
As preocupações do Conde D. Teodoro VIII Trivulzio com suas Ordens Dinásticas, em especial com a de São Teodoro foram memoráveis. Cumprindo os desejos de D. Teodoro I, Fundador e primeiro Grão-Mestre da Ordem, construiu a Capela de São Teodoro Mártir junto a Basílica de Santo Stefano Maggiore, em Milão, para ser a Capela Magistral da Ordem.
Seguindo as pretensões da Condessa Ottavia, Teodoro VIII casa-se com a Princesa Caterina Gonzaga, filha do Príncipe Alfonso I Gonzaga, Marquês de Castiglioni, Chefe do Ramo Cadete dos Gonzaga di Castiglioni, da Sereníssima Casa Ducal de Mantova. Queria, com essas palavras, demonstrar Teodoro VIII que ele seria melhor representante de sua Dinastia do que seus próprios Embaixadores nomeados junto a Madri, Roma ou Viena.
Após o Grão-Mestrado da Ordem Militar de Santa Maria ter sido herdado pelo Príncipe de Mesolcina, a estrutura das Ordens da Casa Principesca ganhou sua forma moderna, ainda nos últimos anos da existência do Sacro Império Romano-Germânico.
A Ordem que mais mudanças registrou foi sem dúvida a Ordem Militar de São Teodoro Mártir. No contexto das Guerras Napoleônicas, surgiram Ordens “militares” modernas que diferiam das anteriores Ordens Religiosas-Militares pelo fato de seu principal sinal de pertencimento, dava-se pelo membro ter a condecoração da ordem, ou poder adornar seu fardamento com a fita da mesma, diferindo, neste sentido das antigas Ordens Militares, que eram verdadeiras comunidades de Cavaleiros.
Uma das primeiras Ordens Militares modernas foi a Ordem Militar de Maria Teresa (em alemão: Militärischer Maria Theresien-Orden e mais tarde "Österreichischer Militär-Maria-Theresien-Orden"), Ordem criada em 13 de maio de 1757. Tal Ordem era dividida em três classes, que eram as de Cavaleiro da Grã-Cruz, Cavaleiro-Comendador e Cavaleiro. Todos os Cavaleiros da Ordem Militar de Maria Teresa recebiam Nobreza Hereditária, com o título de Barão.
Após a criação da Militärischer Maria Theresien-Orden, uma série de Ordens puramente honoríficas que, por sua ligação com o mundo militar passaram a ser chamadas de “Militares” (sem contudo ter ao termo qualquer ligação com as antigas Ordens Equestres) passaram a ser criadas pelos Monarcas europeus, necessitados de uma condecoração que pudesse ser concedida aos militares de alta graduação, vencedores em campo de batalha.
Desta forma fora criada no Reino dos Países baixos a chamada Ordem Militar de Guilherme (em neerlandês: Militaire Willems-Orde), que seria, a exemplo da Ordem Militar de Maria Teresa, concedida aos militares vitoriosos nas Guerras Napoleônicas.
O próprio Napoleão, seguindo tal exemplo austríaco, criou a sua Ordem da Legião de Honra, que tinha por objetivo substituir a antiga Ordem Militar de São Luís e ao mesmo tempo ser a máxima honraria do império francês.
O Rei Dom João VI, enquanto Rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve criou a Ordem Militar da Torre e da Espada com o objetivo de, com ela, premiar os oficiais ingleses que haviam auxiliado na resistência contra as tropas francesas a partir de 1808, e que por motivos religiosos, não poderiam ser condecorados com as Ordens Religiosas-Militares Portuguesas (a Ordem Militar de Cristo, a Ordem Militar de Sant’Iago da Espada e a Ordem de São Bento de Avis).
Após 1814, com a Batalha de Waterloo pondo fim as ameaças francesas aos Reinos e Principados europeus, surgiu uma espécie de “dívida moral” com as tropas vencedoras. Tal “dívida” poderia ser quitada com a concessão de propriedades, bens, dinheiro ou a forma mais barata, a concessão de condecorações.
Com a área do Principado de Mesolcina cada vez mais diminuída, e com cada vez menos fundos, esta última opção passou a ser a mais facilmente aplicável pelo Príncipe de Mesolcina. Contudo, a ideia da criação de uma nova Ordem de Cavalaria não agradava ao Príncipe Andre I Trivulzio-Galli. A alternativa foi justamente a utilização de uma das antigas Ordens da Casa Principesca para premiar os novos “vencedores da Europa”.
Tal Ordem, contudo, deveria poder ser concedida a todos aqueles cuja necessidade de agraciamento se desse, independente de critérios religiosos. Como a Ordem Militar de Santa Maria e a Ordem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, criadas por Bulas Papais, estas eram apenas elegíveis a Católicos Romanos percebeu-se, contudo, que a Ordem Militar de São Teodoro Mártir era a única Ordem Dinástica da Casa Principesca que havia sido criada sem a solicitação do reconhecimento Papal. Desta forma, formalmente falando, o Grão-Mestrado da Ordem de São Teodoro poderia ser disposto com total liberdade pelo Príncipe, que a poderia conceder a qualquer pessoa, independente da religião do agraciado.
Em 1810, já havendo a necessidade de dever-se agraciar oficiais estrangeiros, Andre I, seguindo o conselho de seu Ministro de Governo, o Príncipe Don Mario Colonna, oficialmente libera a Ordem Militar de São Teodoro Mártir de qualquer critério religioso que anteriormente possa ter tido.
Os primeiros não-Católicos a receberem a Ordem foram Generais russos de fé ortodoxa, que auxiliaram a combater Napoleão, entre eles o Príncipe Pyotr Ivanovich Bagration, o Marechal Mikhail Golenishchev-Kutuzov, e o Príncipe Ludwig zu Sayn-Wittgenstein, o Príncipe Mikhail Illarionovich Golenishchev-Kutuzov (1745-1813) todos recebendo a Grã-Cruz da Ordem.
Em 1812 foram condecorados com o posto de Grã-Cruz da Ordem Militar de São Teodoro aos Marechais de Campo prussianos August Neidhardt von Gneisenau (1760-1831), Gebhard Leberecht von Blücher (1741-1819), Friedrich Wilhelm Bülow von Dennewitz, (1755-1816). O Príncipe Frederik Willem Karel von Preussen (1783-1851) recebeu o Grão-Colar da Ordem.
No biênio 1812-1813 foram condecorados os generais russos Aleksey Petrovich Yermolov, que recebeu a Comenda da Ordem; Hans Karl Friedrich Anton Graf von Diebitsch und Narten, que recebeu a Grã-Cruz; Príncipe Ivan Fyodorovich Paskevich, Príncipe de Varsóvia, Conde de Yrevan, que recebeu a Grã-Cruz; além de Mikhail Bogdanovich Barclay de Tolly, que também recebeu a Grã-Cruz.
Mais tarde foram numerosos os Comandantes ingleses, de fé protestante, que a receberam como recompensa pelo esforço da Guerra pela libertação da Europa das forças francesas.